segunda-feira, 13 de abril de 2009

FILOSOFIA CLINICA I

Filosofia Clínica é uma proposta de utilização terapêutica da filosofia.

Assemelha-se à Philosophische Praxis ou Philosophical counseling, criada por Gerd Achenbach, em Colônia, Alemanha, em 1981, a partir da concepção epicurista de filosofia como "terapia da alma".

A Filosofia clínica foi criada em fins da década de 1980, pelo psicanalista e filósofo Lúcio Packter, no Rio Grande do Sul (RS). Segundo Packter, a Filosofia clínica "direciona e elabora, a partir da metodologia filosófica, procedimentos de diagnose e tratamento endereçados a questões existenciais encontradas em hospitais, clínicas, escolas e ambulatórios. Técnicas que diferem dos métodos e fundamentos da Psicologia, da Psiquiatria e da Psicanálise: não existe o conceito de normalidade, de patologia; não existem concepções a priori como ‘o homem é um ser social’, ‘o homem busca a felicidade’. Tudo parte da historicidade da pessoa atendida, percorrendo-se desde o logicismo formal até a epistemologia nas questões focadas no diagnóstico dos problemas.

A fundamentação das questões consta da Filosofia acadêmica, inteiramente, com seus escritos e autores. Está baseada no Logicismo, na Epistemologia, na Fenomenologia, na Historicidade, no Estruturalismo e na Analítica da Linguagem, entre outras abordagens". [1]

Crítica

A Filosofia Clínica tem sido criticada por psiquiatras, psicólogos, mas também por filósofos.

Dentre os problemas apontados, os psiquiatras questionam a sua insuficiência para evidenciar disfunções orgânicas que originam males existenciais (deficiências que provoquem depressões ou desordem mental). Já os psicólogos acreditam ser errônea a racionalização de questões que certamente pertencem ao campo das emoções.

Sobre a Filosofia clínica

A Filosofia Clínica é assim definida, por Lúcio Packter, o pioneiro e sistematizador desta abordagem filosófica no Brasil:

a) O uso do conhecimento filosófico à psicoterapia.
b) A atividade filosófica aplicada à terapia do indivíduo.
c) As teorias filosóficas empregadas às possibilidades do ser humano enquanto se realiza por si mesmo.

Pode-se dizer que é a filosofia acadêmica aplicada à psicoterapia. Nesta prática haverá um interseção entre o filósofo clínico e o partilhante (não necessariamente). Cabe ao filósofo categorizar o que o partilhante lhe traz, a sua historicidade (para tanto existem 5 categorias que permitem a abstração da condição existencial em que o mesmo se encontra). Feito isso, é traçada uma estrutura de pensamento do partilhante, dividida em 30 tópicos, que indicará os choques estruturais que levaram a pessoa a procurar pela terapia.

Cabe ressaltar que em filosofia clínica os conceitos de doença e patologia deixam de existir, havendo, então, representações de mundo que originam maneiras singulares de existência. Em decorrência disso, fica explícito que a filosofia clínica não promove curas, mas auxilia na tentativa de resolução de choques estruturais que causam um mal-estar existencial à pessoa.

Exames Categoriais - Aspectos Gerais

Diz respeito à localização existencial da pessoa(partilhante)
Explorando as cinco categorias (Assunto, Circunstância, Lugar, Tempo e Relação), o filósofo forma um conceito bem estruturado do mundo da outra pessoa: uma representação para si mesmo da representação do outro.

Assunto

Sobre a categoria Assunto: O assunto(que chamamos imediato ou último)é aquilo que leva o partilhante à clínica, ou seja, a causa, o motivo, a questão que faz com que a pessoa procure o atendimento filosófico clínico.

Circunstância

Sobre a categoria Circunstância: Diz respeito à situação, o estado em que a pessoa(partilhante) se encontra, quando este, chega à clínica com uma demanda. É o mesmo que dizer: o todo do partilhante, ou seja, é o seu entorno.

Lugar

Sobre a categoria Lugar: Diz respeito a como a pessoa(partilhante)se movimenta sensorialmente e abstratamente no espaço geográfico que ocupa.

Tempo

Sobre a categoria Tempo: Diz respeito à como a pessoa(partilhante) lida com o tempo(cronológico, aquele do relógio) e o tempo(subjetivo, aquele vivido pela pessoa).Aqui, levamos em consideração como a pessoa vive o tempo, se no futuro, se no passado, ou se há uma mescla desse tempo e quais problemas existenciais pode existir para essa pessoa em relação à como a mesma vive essa categoria na sua vida.

Relação

Sobre a categoria Relação: Diz respeito a relação da pessoa(partilhante) com o que,com quem,se com ela mesma, e a qualidade dessa relação.

Estrutura de Pensamento

Estrutura do Pensamento é o modo como a pessoa se estrutura mentalmente.

Referências Bibliográficas:

PACKTER, Lúcio.Filosofia Clínica: propedêutica. 3ªed. Florianópolis: Garapuvu,2001.

Referências
  1. Packter, Lúcio. Ana e o Dr. Finkelstein.
  2. A Escuta e o Silêncio. Lições do Diálogo na Filosofia Clínica/Listening And Silence. Lessons from Dialog in Clinical Philosophy - Autor: Will Goya, 2008, Ed. UCG; Páginas: 422; ISBN: 978-85-7103-496 in: www.willgoya.com
  3. Filosofia Clínica – Propedêutica Autor:Lúcio Packter
  4. Informação Dirigida: Síntese - A revista internacional de Filosofia Clínica surgiu como uma oportunidade para os colegas poderem publicar seus trabalhos, suas pesquisas. Hoje é um referencial. Conta com a direção da colega Mariluze Ferreira, professora da Universidade Federal de São João Del Rei.
  5. Filosofia Clínica: a Arte de Encantar a Vida: Síntese - Obra de grande sucesso escrita por Hélio Strassburger, traça considerações, reflexões, relata parte de casos clínicos, o livro é uma conversação com o leitor sobre diversos aspectos da clínica filosófica.
  6. Filosofia Clínica e Educação: Autora: Monica Aiub
  7. Para entender Filosofia Clínica - o apaixonante exercício do filosofar: Autora: Monica Aiub
  8. Filosofia Clínica, Estudos de Fundamentação: Autor: Dr.José Maurício de Carvalho
  9. Semiose: autor: Lúcio Packter
  10. Terapia em Filosofia Clínica - Percepções e Aprendizagem: Autores: Vânia Dantas, Marta Claus e Saurater Faraday
  11. A Filosofia Clínica e as Psicoterapias Fenomenológicas: Autores: Adalberto Tripicchio e Ana Cecília Tripicchio.
  12. Sensorial e Abstrato: Autora: Mônica Aiub Monteiro
  13. Compêndio de Filosofia Clínica: Autora: Margarida Nichele Paulo
  14. Primeiros Passos – Filosofia Clínica: Autores:Equipe do Instituto Packter
  15. Filosofia como Terapia - Uma Introdução ao Estudo da Filosofia Clínica: Autor: Mário Luiz Pardal
  16. Como o Mundo me Parece: Autor: Tarcísio Voss

    Referências
Revista Psique - Editora Escala, nº1, pág. 66, 2005.

Ligações externas

Página do site www.filosofiaclinica.com.br